Quem sou eu

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Cilane Assad de Souza
- Graduada em Processamento de DadosPós-Graduação em Gestão Estratégica de Negócios

quarta-feira, 31 de maio de 2017
Ponto de Vista - Cilane Assad de Souza: Depois da delação
Ponto de Vista - Cilane Assad de Souza: Depois da delação: Há duas semanas que a delação da JBS assombra o Brasil e lança sombras sobre a economia, as perspectivas de crescimento e os possíveis ce...
Depois da delação
Há
duas semanas que a delação da JBS assombra o Brasil e lança
sombras sobre a economia, as perspectivas de crescimento e os
possíveis cenários políticos para 2018. Todo mundo sabia que após
a delação da Odebrechet e da prisão de Eike Baptista que os
irmãos Batista seriam os próximos. O crescimento e a diversificação
dos investimentos do grupo, embalados pelos empréstimos mais que
generosos dos bancos oficiais e do BNDES, concedidos pelos governos
do PT, há muito geravam desconfiança em qualquer brasileiro. Era
barbada prevista até em mesa de truco, no boteco da esquina.
Pensava-se
que com o imenso material colhido em várias operações do MP de
Brasília, Rio de Janeiro e da Lava-Jato seriam suficientes para
elucidar as perguntas básicas, que são: como, quem, quando e por
que:
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Como a JBS cresceu tanto nos últimos 14 anos?
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Quem se beneficiou?
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Quando tudo começou?
-
Por que ela recebeu bilhões de aportes a juros e prazos para lá de
camaradas e nunca questionados pelos adversários políticos e órgãos
de controle?
Mas
ao que parece, as fartas provas em poder da Polícia Federal e dos
procuradores do Ministério Público de três estados diferentes não
foram suficientes. Foi preciso que Joesley Batista, responsável
confesso de vários crimes entregasse gravações, que sequer foram
periciadas à Procuradoria Geral da República, comprometendo o
Presidente e o Senador Aécio Neves. Em menos de um mês, Wesley foi
ouvido, filmado, firmou um acordo de delação para matar qualquer
Marcelo Odebrecht de inveja, enviou seu iate e avião para os Estados
Unidos onde é dono de várias empresas compradas com dinheiro
subsidiado brasileiro, especulou e ganhou pelo menos R$ 1 bilhão com
o câmbio e foi para Nova York, perdoado por todos seus crimes.
A
pressa no fechamento do acordo, a saída de um promotor que foi
direto para a banca dos advogados dos Batista, sem quarentena , o perdão concedido, as propostas indecorosas do grupo para o
pagamento da multa lançam uma sombra nas conduções da negociação
que levou ao fechamento do acordo. A ausência de perícia nas
gravações, cujas transcrições contêm erros, serão sempre um
ponto duvidoso nesta história e depois de reveladas, nas
circunstâncias em que foram gravadas, serão um alvo fácil para os
advogados de defesa. Mas chama atenção a ausência de
investigações. A carta de Janot, publicada pelo jornal “Folha de
São Paulo” e pelo Portal UOL deixa claro que há mais crimes que
estão sendo investigados pela PGR. Para o bem da instituição,
todos esperam que de fato eles sejam tão graves que justifiquem
tantos tropeços e tantas benesses em um caso onde o réu confesso
entregou todas as provas.
O
futuro imediato do país está em suspenso. É bem provável que o
destino de Temer já esteja selado e a lista de prováveis
substitutos é grande. Na próxima semana começa o julgamento da
Chapa Dilma-Temer, processo iniciado pelo PSDB, sob a batuta de Aécio
Neves, que segundo suas próprias palavras “só queria encher o
saco do PT”. A crise política atinge a economia, aumentando o
cenário de incertezas, em um momento em que todos acreditavam que a
mais grave e longa crise econômica que atingiu o Brasil dava sinais
de enfraquecimento. A esperança de aumento da oferta de empregos no
segundo semestre deste ano já foi por terra.
Infelizmente,
este mesmo Congresso que elegemos dará a palavra final. Entre eles,
estão vários nomes da lista de 1.820 políticos que a JBS ofereceu
propinas ou financiou campanhas. Entres eles estão os mesmos
políticos que a JBS ofereceu R$ 5 milhões por voto contra o
Impeachment de Dilma. Saindo Temer, é lá que acontecerá a eleição
indireta para Presidente. Se homens e mulheres comprometidos com seu
país são, escolherão um nome longe de seus partidos. É sabido que
se chegarmos neste cenário, o futuro presidente terá que ser alguém
ficha limpa, cujo nome não conste em nenhuma lista da PGR e da
Lava-Jato e que tenha reconhecimento internacional. Ele será o
avalista da transição e tem que ter força suficiente para esmaecer
esta nuvem de incertezas que vivemos e o país inspira para os
investidores.
O povo brasileiro e os 14 milhões de desempregados já pagaram um preço altíssimo pela irresponsabilidade dos 14 anos do PT no poder. Pagamos um preço altíssimo para que poucos enriquecessem muito às custas do que pertencia a todos. Não é hora de aventuras, de realização de projetos escusos de poder. Infelizmente para nós, estamos
como o filósofo Diógenes, que andava com uma lâmpada nas ruas de
Atenas, procurando um homem de bem.
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